Para quem não sabe, em outubro de 2015 a White Wolf foi comprada pela empresa Paradox Interactive e, desde então, tem feito vários anúncios relacionados ao Mundo das Trevas (WoD). A história inteira você pode conferir: aqui.
Há algumas semanas, a White Wolf lançou dois jogos eletrônicos novos, um para Vampiro: a Máscara e outro para Mago: a Ascensão. Esse lançamento, no entanto, gerou uma grande comoção negativa na comunidade internacional em função de um dos escritores que foi escolhido e contratado pela White Wolf: Zak Smith.
Zak é uma figura polêmica, pra dizer o mínimo, na comunidade RPGista internacional. Em seu currículo, além de artista e escritor, Zak possui um histórico de comportamento tóxico e negativo em comunidades de RPG, sobretudo no que diz respeito às mulheres e a comunidade LGBTQ+, algo que lhe rendeu um ban permanente no maior fórum de rpg lá fora, o RPGNet. Somando-se a tudo isso, ele é conhecido entre muitos desenvolvedores e escritores de RPG como um stalker.
Nós não vamos entrar aqui em detalhes, mas muitos desses problemas estão documentados e compilados em dois posts: aqui e aqui. Todos os links do post estão em inglês e, como não dá pra traduzirmos tudo, fica aqui nosso encorajamento para que tentem dar uma conferida, nem que seja usando a ferramenta de tradução do Google ou pedindo pro seu amigo que manja de inglês dar uma ajudinha.
O que a White Wolf fez a respeito disso?
No dia seguinte ao lançamento dos jogos e da comoção gerada, a White Wolf lançou uma nota de 1 parágrafo na qual diz que, de acordo com suas investigações, todas as acusações contra Zak são falsas. Na semana seguinte, outra nota foi lançada, dessa vez um post inteiro dedicado ao problema, no qual adotam uma postura diferente. Nesse segundo post, eles reconhecem que o comportamento de Zak é problemático mas, de acordo com a White Wolf, eles esperam que Zak não aja mais da forma como agia antes, algo com o qual ele está de acordo.
Com sua segunda nota, a White Wolf procurou reduzir as críticas à contratação de Zak Smith ao indicar o comentário da segunda desenvolvedora do produto, Sarah Horrocks. Porém, Sarah não chega a abordar o histórico de perseguição de Zak, apenas defendendo-o de uma das diversas críticas à conduta dele. Somando-se a isso, devido ao caráter de experiência pessoal da relação de amizade e companheirismo entre a Sarah e o Zak, ficou parecendo um argumento na linha de “Eu não sou racista, eu até tenho amigos negros”. A nome e a proposta que a White Wolf apresenta para o Mundo das Trevas são incompatíveis com esse tipo de contratação, esse tratamento da base de fãs e das críticas.
É só isso?
Não.
Antes de lançar os jogos mencionados acima ou mesmo de anunciar o jogo de Lobisomem: o Apocalipse, a White Wolf havia relançado uma antologia de contos chamada “Dark Destiny”. Essa antologia, publicada originalmente em 94, possui como editor “Edward E. Kramer“, que anos depois seria condenado por abuso de menores.
É necessário nos perguntarmos: a White Wolf possui tão poucos romances ou antologias para escolher relançar justamente aquela que foi editada por um molestador de menores?
A resposta? Não. Sério, confiram aqui: Lista de ficção da White Wolf
E a Onyx Path, onde ela entra nisso?
A Onyx Path é apenas uma licenciada. O que isso significa? Que a Onyx Path tem a permissão de publicar as seguintes linhas: Chronicles of Darkness, Exalted e os livros de 20 anos de aniversário do WoD. Esses jogos continuam sendo propriedade intelectual da White Wolf mas foram licenciados para a OP publicar.
Todo o MdT que for criado pela nova White Wolf, ou seja, a 5ª edição de Vampiro: a Máscara*, o game de Lobisomem: o Apocalipse e todo o resto que for novo para o Mundo das Trevas está sendo desenvolvido e será publicado exclusivamente pela White Wolf.
(* Sim, 5ª. A White Wolf resolveu pular o número 4. Você pode ler mais sobre isso aqui nessa entrevista.)
E agora?
Algumas coisas podem ser feitas a respeito para demonstrar a insatisfação com a forma que a WW vem conduzindo seus negócios. É possível desde enviar e-mails para a White Wolf (info@whitewolf-publishing.com) até mesmo abster-se de comprar os produtos lançados no futuro.
Porém, lembrem-se, isso é um problema da >>White Wolf<< que está responsável pela publicação das futuras edições do Mundo das Trevas.
A Onyx Path, licenciada responsável pela publicação das linhas de 20 anos de aniversário (V20, M20 e afins) e do Chronicles of Darkness não tem nada a ver com os problemas que apontamos acima. Por favor, não confundam e acabem prejudicando ou reclamando com a empresa errada. Aliás, a própria Onyx Path recentemente fez um post esclarecendo isso que falamos aqui.
E agora que só nos resta ver quais decisões que a Loba Branca irá tomar a respeito disso e de seus futuros lançamentos. O que esperar agora da 5ª edição da Máscara?
– Cronistas das Trevas
Nossa, isso é bem uma surpresa.
Eu não li todos os romances de mundo das trevas, nem de perto haha. Mas comecei pelos antigos, e foi boa parte desses que li.
Uns do Dom Bassingwhite [acho que é assim que se escreve], de mago e antologias mistas, uns de lobisomem. Até tenho aquele breath deeply. E em muitos deles, se não em quase todos tem personagens mulheres que são importantes pra trama, personagens homossexuais, não me lembro agora mas creio que pelo menos um personagem transexual.
E em histórias menores esses personagens eram personagens principais ou em maiores, muito relevantes pra trama num geral, não me lembro de ter lido nada overtly sexista que não fizesse parte da caracterização de um personagem especifico, algo que fosse um ar opressor, misógino ou homofóbico, o que seja, fora do caráter do livro. Em vários deles a sexualidade não era nem se quer abordada, em quanto outros era muito relevante pra caracterização, tipo o cultista do êxtase em such pain.
Li alguns dos romances mais novos de vampiro o réquiem, o deus máquina e etc e sempre senti o mesmo feeling, nunca me senti ofendida pela leitura.
Espero que eles consigam pelo menos policiar o cara, porque até então eles tem feito um trabalho muito legal, abrangente, e que cria espaço pra todo mundo se encaixar no mundo das trevas, que é um cenário tão vasto.
Eu vou esperar pra ver o que vem por ai, e ficar atenta a esse caso… mas tenho esperanças de que vão continuar fazendo um trabalho interessante e inclusivo nesse quesito.
Os romances de Réquiem, V20, Chronicle of Darkness e romances antigos do Mundo das Trevas clássico, foram desenvolvidos pela antiga White Wolf e pela atual Onyx Path. Nenhuma das duas possuíram ou possuem o mesmo pessoal na direção da empresa que a atual White Wolf.
O problema do Zac Smith é que o WoD tem em sua grande constituição jogadores SJW, e esses caras infelizmente não conseguem conviver com uma opinião diferente. O cara pode falar o que quiser, o que importa é que ele faça um bom trabalho, boicotar o game apenas por causa disso é uma atitude extremamente imatura e infantil.
Os pontos apresentados aqui se tratam apenas da escolhas que a White Wolf faz como editora. Ela contrata pessoas com histórico publico de violência e perseguição virtual ao mesmo tempo que ela alega ser um ambiente de discussão adulta sobre violência física e psicológica.
Zack perseguiu pessoas virtualmente e incitou pessoas a ameaçarem outras pessoas. Isso depõe contra ele ficar a frente de uma discussão sobre violência física e psicológica.
Pode ser que hajam outras evidência em favor da sua capacidade para discutir tais assuntos, porém até o momento elas não foram apresentadas.
Vamos esperar o material sair antes de partir pra conclusões desse naipe.
No mais o RPG trata de poder CRIAR sua história. Podemos aproveitar o que quisermos e substituir aquilo que não queremos.
Já saiu dois jogos para dispositivos móveis produzidos pela White Wolf com o Zack Smith. Esses jogos são um indicativo da qualidade dos produtos que a White Wolf está desenvolvendo. Você pode avaliar os jogos ou ler as avaliações sobre eles já publicadas.
“Loba Branca”? Menos… menos…