Em 2021 uma desenvolvedora de RPG das Filipinas, Momatoes, decidiu criar um site que permitisse ao mundo conhecer melhor as produções da cena RPGística do Sudeste Asiático¹.
Assim nasceu o “Across RPGSEA”, antes apenas uma hashtag nas redes sociais (#RPGSEA), o site permite que, com o clique de um botão, você conheça até 99 jogos de 77 criadores diferentes. Tem jogos gratuitos, jogos de até 10 dólares (ok, pra gente isso não é tão baratinho mas é mais barato que muito pdf em financiamento por aí), com todo tipo de temática e sistema que você possa imaginar.
Corta então para 2023 com a editora Vanishing Point trazendo ao Brasil pela primeira vez um jogo do Sudeste Asiático com ARC, justamente dela, Momatoes.
Momatoes, também conhecida pelo nome de Bianca Canozas, é designer, ilustradora e desenvolvedora de RPGs, colecionando prêmios e menções honrosas. Entre seus prêmios estão o Diana Jones por Melhor Designer Emergente, enquanto que seu site, RPGSEA, foi nomeado tanto para o ENNIEs quanto para o Diana Jones.
ARC, por sua vez, foi sucesso de financiamento coletivo e eleito pela Polygon como um dos melhores RPGs indies de 2021, figurando ao lado de outro jogo da região, Gubat Banwa – ainda vamos falar desse último aqui no blog –.
ARC é um jogo sobre derrotar o apocalipse. Esse apocalipse pode ser qualquer coisa que o Guia – como é chamada a posição de narrador/condutor – queira ou que o grupo decida. Desde catástrofes climáticas até mesmo um tirano maligno buscando dominar os povos livres.
Embora não seja obrigatório, toda a arte e exemplos do jogo assumem que você está situando suas histórias em um mundo de fantasia mais tradicional, com seres feéricos, espadas, reis e outros elementos tradicionais do gênero. No entanto, em entrevista ao DarkCast, Momatoes reforçou que isso não é obrigatório e você pode jogar em outros tipos de ambientação.
Os 3 Pilares: Abordagens, Vínculos, Relógio
O sistema de ARC gira em torno de três mecânicas cruciais para a proposta, que é o sentimento de que o apocalipse é iminente e apenas através do esforço em conjunto é que ele poderá ser derrotado.
A maioria das ações que seu personagem fizer vão envolver uma rolagem composta por 1 Abordagem e 1 Habilidade. As Abordagens são 3 formas de fazer as coisas. Seu personagem pode fazer uma ação de forma Criativa, Concentrada ou Cuidadosa. Já as Habilidades são variadas e vão desde Armas até Comércio.
Os valores dessas características costumam variar de 0 a 3. Para obter sucesso em uma ação, você deve rolar 1d6 e o resultado deverá ser menor que a soma de sua Abordagem + Habilidade.
Por exemplo, você deseja investigar os rastros de um acampamento examinando minuciosamente cada detalhe. Você soma o valor de sua abordagem Cuidadosa 2 com sua habilidade Investigação 2 para um total de 4. Você precisa tirar 3 ou menos para ter um sucesso pleno. Além disso, o Guia também pode aumentar ou diminuir esse número alvo, tornando a ação menos ou mais difícil.
Caso o número alvo seja alto demais ou haja uma falha na rolagem, é aí onde entra o segundo pilar que mencionei acima, os Vínculos. Cada relação sua com os outros heróis, isto é, seus companheiros de grupo, é medida através de Vínculos Maiores e Vínculos Menores (4 Vínculos Menores formam 1 Vínculo Maior).

Nada como uma mãozinha dos amigos
A forma de usar esses Vínculos é bem simples: antes do seu aliado rolar em um teste, caso seu personagem possua níveis de Vínculo Maior com seu aliado, você pode somar esse valor ao número alvo dele. Para isso, basta descrever como você usa uma Habilidade sua para ajudá-lo.
Outra forma de ajudar seus companheiros é apagando 1 nível de Vínculo Menor com o aliado em questão, o que permite a ele realizar uma nova rolagem de dados – muito útil em caso de falha num teste.
Enquanto a aventura se desenrola, o Relógio do Apocalipse vai marcando o quão perto da catástrofe o mundo se encontra. Uma grande sacada de ARC é utilizar o tempo passado no mundo real para ir reduzindo o marcador ficcional.
Isso tudo, claro, com regras para o guia ajustar esse relógio conforme o número de jogadores e o quão longa será a aventura: se será uma one-shot, algumas poucas sessões ou uma longa campanha. Essa mecânica será bastante familiar para quem já tiver jogado Blades in the Dark ou algum jogo Powered by the Apocalypse.

O primeiro Relógio do Apocalipse que os Millenials conheceram
Além disso tudo, ARC trabalha com um sistema de sucessos e falhas parciais ou, com custo, que permitem ao jogador e ao guia manter a ação sempre acontecendo. E o melhor, colocando o máximo de escolha e agência na mão de quem joga.
E agora, puxando a sardinha pra brasa das origens dos Cronistas, quem já conhece e gosta das opções de falha em troca de xp do CofD e dos sucessos e falhas do Storypath de Scion e Trinity vai se sentir em casa jogando ARC.
E aí, consegui te deixar com vontade de conhecer esse jogo?
Então corra e deixe já seu apoio em catarse.me/arc para derrotar o apocalipse!
Se você leu e ficou com dúvidas ou quer saber mais sobre o jogo, deixe seu comentário aqui ou venha conversar com a gente no nosso servidor. Para acessá-lo, basta clicar no link ali à direita do blog.
¹ Situado ao sul da China, leste do subcontinente indiano e nordeste da Austrália, o Sudeste Asiático abriga mais de 675 milhões de pessoas, o que dá aproximadamente 8,5% da população mundial.
Essa região é também uma das mais diversas em termos linguísticos, étnicos e religiosos. Nela encontramos 11 países, são eles: Brunei, Camboja, Filipinas, Laos, Malásia, Mianmar, Singapura, Tailândia, Timor-Leste, Vietnã e Indonésia.