Que o Mundo Caído é impregnado pela Mentira vocês já estão cansados de ouvir. Nesse artigo, no entanto, vamos falar do oposto, ou seja, a Verdade. Ou melhor, “as Verdades”, os Símbolos Supernos. O que são, onde vivem, o que comem, etc….
Primeiro, vamos lembrar que o Mago quando desperta passa a enxergar a realidade de outra forma, quase como se estivesse vendo o código por trás de um programa. Todas as coisas no mundo caído são compostas por uma número enorme de símbolos de acordo com o Arcanum que você está utilizando para enxergar. Como sabemos, cada Arcanum lida com um aspecto da realidade e, portanto, um grupo de símbolos.
Esse banquinho, por exemplo:
Se um mago observar esse banquinho com sua Visão Mágica de Matéria, ele verá símbolos que descrevem as ‘propriedades’ dele dentro do escopo de Matéria: madeira mdf, quatro pés, 60cm de altura, 2kg, densidade x. Se outro mago observar esse banquinho com Morte, ele pode identificar se ele é âncora de algum fantasma. É claro que, nem todas as Arcana são úteis para se observar tudo: Mente ou Vida dificilmente vão te dar informações úteis sobre objetos inanimados.
O Banquinho Superno
Agora imagine quantos tipos diferente de banquinho existem: de três pernas, de metal, de plástico, de duas pernas, mais altos, bem baixinhos… Imaginou? O Símbolo Superno dos banquinhos, reúne nele TODAS essas características. O que vemos no Mundo Caído são representações imperfeitas, fragmentadas, do que O Banquinho Superno é.
Pra quem teve e/ou prestou atenção nas aulas de Filosofia no Ensino Médio já sacou que isso nada mais é do que a Teoria das Formas Platônicas. Assim, tudo que existe no Mundo Caído possui uma contraparte Superna, que é como se fosse a versão mais perfeita e completa possível daquilo. O mago, com sua Vontade (e habilidade + conhecimento mágico) é capaz de transformar o Mundo Caído conforme as infinitas possibilidades que o Superno guarda.
O que acontece se um Símbolo Superno for destruído?
Lembremos que o Superno está além do Tempo e do Espaço do Mundo Caído. Ou seja, alterações diretamente no código da realidade não afetam apenas o aqui e o agora, elas afetam tudo de forma retroativa. Como assim? Por exemplo: se o símbolo superno do elefante é destruído, o que acontece é que os elefantes deixam de terem existido no Passado e no Presente. Ou seja, os elefantes “nunca existiram”. Todo o espaço-tempo se reconfigura de forma que nunca tenha existido elefantes, se adaptando retroativamente. Talvez com isso “Dumbo” seria um filme sobre um cachorrinho com orelhas enormes. Ou também é possível que só não tenhamos feito esse filme.
Entende agora o problemão que é para um Mago deixar uma entidade superna morrer aqui no Mundo Material? É por esse motivo que na Segunda Edição isso é um pecado de Sabedoria gravíssimo.
Inclusive, um dos riscos que um mago corre ao buscar se tornar um Arquimago é o de interagir com o Superno e alterar a história de sua própria vida. O nome disso é aponoia, a “edição retroativa da realidade” que acontece ao interagir com o Superno. Alguns dos exemplos que o livro Imperial Mysteries (p. 24) fornece é a de pessoas que o mago conhecia passam a nunca terem existido ou estão completamente diferentes do que ele se lembra. Imagina só, se tornar um arquimago pra descobrir que isso causou uma alteração na realidade de forma que… seus melhores amigos nunca existiram. Com grandes poderes…
E as Sendas? E a Visão Mágica?
O que chamamos de “Superno” é uma infinitude de “Reinos Supernos”, cada um representando a intercessão de símbolos. Por exemplo, o Reino Superno de Stygia onde os Moros despertam é a intercessão entre os símbolos relacionados a Morte e Matéria e tudo que essa combinação pode exprimir.
Isso quer dizer que é possível despertar para outras Sendas? Sim e não.
No Mundo Caído, o despertar só é possível por causa das Torres, que ajudam o ‘aspirante a mago’ a cruzar o abismo que se encontra entre o Mundo Material e o Superno. Assim sendo, as Torres “colorem” os Símbolos Supernos, dão a eles uma forma que a mente humana consiga compreender. Da mesma forma que um monitor transforma a passagem de energia elétrica nos componentes em letras e imagens pra que a gente possa entender melhor o que está acontecendo, as Torres transformam os símbolos “crus” em formas específicas que sejam compreensíveis. É por isso que, para os Mastigos, os símbolos relacionados a Mente aparecem na forma de demônios, enquanto que os símbolos relacionados a Espaço aparecem como se fossem correntes.
O suplemento Signs of Sorcery (p.20) oferece descrições de como cada Senda apresenta os símbolos referentes às Arcana comuns e inferiores. Outro fator menos falado mas igualmente importante é que os Legados também alteram a forma como esses símbolos aparecem na Visão Mágica do desperto.
Todos os magos veem tudo igual?
Não.
Dois Mastigos, apesar de enxergarem os mesmos símbolos, vão vê-los de formas diferentes. Para um deles, o demônio representando o sentimento de amor em uma pessoa pode se parecer com o demônio “Dantalion” – do ocultismo ocidental. Para o outro, o mesmo símbolo representando o amor pode ser enxergado na forma do Vidyaraja budista “Aizen-Myōō“.
Ou seja, dois magos que possuam o Arcanum Matéria vão olhar o banquinho lá do início do texto e ambos saberão que ele é de madeira, etc. Ambos vão enxergar as mesmas propriedades e saber que para alterá-las é necessário exercer sua Vontade e ‘canalizar’ o Superno para então mexer no Mundo Caído. Não há confusão sobre “o quê” o banquinho é, pois ambos reconhecem o mesmo símbolo apesar das “roupagens” diferentes.
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Bom, é isso, pessoal. Espero que tenham gostado e, já sabem:
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– Dante Alighieri